Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Imagens

A cidade é uma estranha senhora
Que hoje sorri e amanhã te devora
Chico (A cidade ideal)

João Pessoa é uma bela cidade. Tem coisas aqui que me encantam, que eu nunca tinha visto em outro lugar. Uma delas é a fileira de árvores de Pau-Brasil na Avenida Epitácio Pessoa, sombreando as calçadas. A cidade é cheia dessas árvores. No bairro de Tambaú, em uma das calçadas, as árvores, ainda pequenas, foram cortadas, provavelmente por estarem doentes, expondo o toco com a característica e incrível cor vermelha. Esses tocos estavam sendo arrancados ontem, não tive e oportunidade de fotografar. Se ainda tiver algum hoje, prometo registrar.

Mas eu registrei as árvores magistrais da Epitácio (foto de celular, me desculpem):


Atualização:

Passei pelo lugar dos tocos e fotografei, eles ainda estão lá, veja a cor, que impressionante:

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Reencontro

Hoje é dia de visita: vem aí meu grande amor
Ela vem toda de brinco, vem todo domingo, tem cheiro de flor
Chico (O Velho Francisco)

Finalmente vou rever minha gata, que conseguiu passagens por preços razoáveis para vir a Jampa ver a família, no final do mês. Vai ser muito bom, depois de um mês afastados, estamos todos ansiosos e felizes pelo reencontro. Ela fica aqui por 10 dias e volta a CG pra terminar os últimos acertos da mudança.

Eita, que essa semana vai demorar pra passar, até ela chegar aqui! Mas vai valer a pena esperar.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Triste que nada!

Doces lundus pra nhonhô sonhar, à sombra dos oitis
Eu posso vender. Que é que você diz?
Chico (Bancarrota Blues)

Hoje, relendo as coisas que eu escrevi sobre a minha mudança pra Jampa, eu pareci muuuuito triste, o que não corresponde à realidade. Na verdade, tem coisas que me deixam menos feliz do que eu gostaria, a distância da minha gata, ficar sem carro em uma cidade grande, a dificuldade de arrumar casa pra alugar, essas coisas.

Mas, no geral, eu estou feliz. Estou realizando um sonho antigo, morar no Nordeste, perto da praia, perto de um mar que muda do azul pro verde e a gente fica pensando qual a cor mais bonita... um mar de águas calmas e mornas, onde a gente fica de molho até bem depois do pôr-do-sol e volta pra casa de noite, exausto, pra dormir com a brisa fresca, mais do que bem-vinda numa terra que faz tanto calor.

Estou fazendo novos amigos, conhecendo gente nova, conhecendo a cidade. O povo daqui é fantástico, dizem palavras que eu não conhecia, parece até outra língua. Às vezes eu me pego pedindo para as pessoas repetirem as frases, mais devagar, pra eu poder entender, principalmente no telefone. E a cidade é linda. Uma das avenidas principais, a Epitácio Pessoa, é ladeada por pés de Pau-Brasil!!! Dezenas de árvores, enormes, de tronco negro e pequenas folhas verdíssimas, fazendo sombra na calçada. Já gosto de caminhar pelas ruas, bem mais seguras do que em CG. Claro, nenhuma cidade no Brasil é muito segura, mas aqui, com certeza, é menos perigoso do que outros lugares que eu conheço.

As meninas estão se enturmando, se acostumando. Sapavéia é um apoio fundamental, amiga querida, e as primas também dão a maior força. Aqui tem 5 cachorros, sendo 4 poodles (Sivuca e Bolota, os machos, Totinha e Pretinha, as fêmas) e um Akita, enorme, que fica isolado dos outros, pra evitar um lanche fora de hora. É um anjo e se chama King. Mas mesmo anjos podem lanchar um poodle de vez em quando, né?

Neste final de semana vamos a Camboinha, praia que fica a 20Km ao norte, e é ainda melhor que as daqui da cidade. Ou seja, amanhã e depois eu não escrevo. Estarei muuuuito ocupado :^)))

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A queda da guerreira

A morte pra mim não é despedida
Porque a morte é a vida

Que se faz continuar

Martinho da Vila (Clara Nunes)


Hoje eu soube que morreu a minha cachorrinha, lá em Campo Grande, por obra e arte da piometria, uma infecção uterina que já me levou a Nina, uma pastor alemão que eu adorava. Agora foi a Fly, um bicho que chegou na minha casa por vias tortas, não agradava às pessoas, mas era uma criatura capaz de feitos incríveis.

Eu estou muito triste. Mais uma coisa pra me entristecer... mas eu vou superar, tenho certeza que dei a ela o melhor que podia, cama quente, comida boa, carinho, bricadeiras e uma mãezona, a Sissy, que cuidava dela como de um filhote. Era eu quem brincava com ela, nos poucos momentos em que nos encontrávamos. Ela era irrascível, teimosa, agressiva, fominha, mas eu gostava dela. Cachorro, quando morre, é como se morresse uma pessoa da família.

Sapavéia, a amiga que me recebeu em casa e está me aguentando até agora, disse uma coisa interessante: que, segundo Chico Xavier, quando está pra acontecer uma coisa muito ruim com a gente, o bicho próximo pede, espiritualmente, para ficar com o sofrimento. Se for assim, eu tenho que agradecer à minha pobre pinscher marrom, tão pequena, tão valente, tão guerreira. Ela venceu tantos obstáculos na vida que eu prefiro nem pensar. A Sapavéia é muito espiritualizada. Eu não, eu sou ateu, à toa e sem-vergonha, mas essa idéia mexeu comigo.

Vai, Fly, vai morder o calcanhar de algum anjo por aí, e saiba que nós todos sempre a amamos muito.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Criando rotina

Acordo de manhã, pão com manteiga e muito, muito sangue no jornal
Aí a criançada toda chega e eu chego a achar Herodes natural
Vinícius (Cotidiano No. 2)


Começamos a criar um ritmo em Jampa. As meninas na escola, eu procurando casa e consultório pra alugar. Nossa sorte é podermos contar com amigos incríveis que nos ajudam sem reclamar, sem querer nada em troca, só pela amizade mesmo. Viramos a casa da Sapavéia de pernas pro ar, ela nunca antes tivera crianças em casa, acho que está sendo uma experiência instigante pra ela :^).

Final de semana fomos a um almoço de família em Lucena, que fica a uns 20 Km daqui de João Pessoa e faz parte da região metropolitana. É uma vila de pescadores, daquelas com muita pobreza e nenhuma infra-estrutura, mas com um charme especial. Lá compramos do famoso 'camarão de Lucena', um camarão branco que eles chamam de 'médio', mas que é enorme! A Tica disse que nunca tinha visto camarões com cabelos tão compridos: "Pai, o cabelo dele é mais comprido que o meu!". Aí, é claro que saiu camarão com cerveja depois, né? Ninguém é de ferro.

A Respectiva, que ficou em CG, fala com a gente todo dia, via MSN. Temos câmeras em todos os computadores, então conversamos por vídeo-conferência, mas sempre tem um 'papagaio de pirata' atrás dos nossos ombros, nós nunca conseguimos conversar com alguma privacidade... e eu tentando economizar para os primeiros tempos, porque eu não sei como é que vai ficar o nosso dinheiro, acabo não ligando pro celular dela (o único telefone que sobrou, os outros eu mandei cancelar), então as conversas são sempre genéricas, só sobre as vitórias e os problemas que temos por aqui, nunca uma conversa íntima. Isso é o que mais me exaspera, nós sempre conversamos muito, durante as nossas caminhadas. Eu sinto falta das conversas, da presença, até do cheiro dela. Mas vai passar, daqui a pouco ela está aqui. Não sei quando, mas não vai demorar.

Ah, e antes que eu me esqueça: se você tem uma linha celular da Brasil Telecom e quer cancelá-la, prepare-se. A jornada é dificílima! Meu conselho: ligue o carregador de bateria e o fone de ouvido no seu celular, vá para a frente do computador, faça a ligação, abra uma janela do navegador e fique brincando com a internet até conseguir falar com um dos atendentes. Quando perguntarem porque você está cancelando a sua linha, diga que está se mudando para Belfast, aceite TODAS as condições e anote o protocolo. Só assim você não vai desistir no meio do processo, como aconteceu comigo 4 vezes. Consegui na quinta, com esse artifício.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Chegada em João Pessoa

Trazendo na chegança: foice velha, mulher nova
E uma quadra de esperança
Edu Lobo (Chegança)


Agora estamos mais tranquilos, depois da viagem atropelada. Sapavéia nos recebeu superbem, com o maior carinho do mundo, o que foi muito bom, porque estávamos precisando mesmo. A secretária da casa dela é muito tranquila e educada, um amor de pessoa. Cozinha tão bem que eu estou preocupado, vamos começar a engordar! Mas, mesmo com tudo isso, eu ainda exito em desfazer a mala, enorme, que trouxe com roupas para passar sei lá quanto tempo, na casa dessa amiga querida, mas que não é a minha casa, por mais que ela me faça sentir à vontade. E sem a minha mulher. É engraçado como a distância mexe com a gente de formas diferentes: eu já fiquei longe da Respectiva tantas vezes, por tempos até maiores do que esses 3 dias (até agora), mas sempre tinha data certa pro reencontro.

Agora eu não sei quando poderemos nos ver de novo. Eu sei que não será muito tempo, faltam só alguns ajustes para a transferência dela pra cá, mas não tem dia certo. Eu preciso, primeiro, ver uma casa pra alugar ou comprar (não sei se vai ter algum louco no banco pra me financiar alguma coisa...), ela manda a mudança e as cachorras e vem logo depois. Mesmo assim, não está fácil. É dura, a incerteza.

Bom, mas agora a Teca já foi para a sua primeira aula na escola nova. Estava morrendo de medo, mas foi super bem-recebida lá, não ligou no meu celular até agora, sinal de que tudo vai bem. Logo mais vou buscá-la. A Tica também já escolheu o colégio para fazer o cursinho, hoje vamos fazer sua matrícula. Também vamos abrir conta no banco e comprar 'chips' para os celulares, que ainda têm linha lá do Mato Grosso do Sul. Para tudo isso, aluguei um carro. Espero não ter que ficar mais de uma semana com ele, porque é caro pacaramba!

Mudança 2

Oh! triteza me desculpe, estou de malas prontas,
Hoje a poesia veio ao meu encontro, já raiou o dia, vamos viajar...
Marisa Gata Mansa (Viagem)


A VIAGEM

Saímos de Campo Grande às 5 horas da manhã, sob uma choradeira danada. Eu nunca tinha saído tão triste de casa pra viajar. Nós todos adoramos viajar, mas essa foi diferente, porque fomos só eu e as meninas, Tica e Teca. Tica, de 17 anos, estava menos abalada, mas Teca, de 14, deixou o primeiro namorado no aeroporto, aos prantos. Foi chorando até Goiânia, uma hora e meia de viajem. Eu, me sentindo um monstro, por causar tamanha comoção. Deixamos pra trás também a Respectiva, então imagine as meninas deixando a mãe no aeroporto. A Respectiva ainda tem que resolver uns trâmites burocráticos antes de vir, mas a gente não sabe quanto isso vai demorar.

O pouso em Goiânia animou um pouco as coisas. O dia já clareava e, por conta da crise alérgica da Tica e do choreiro da Teca, as duas ficaram com os narizes entupidos. Ora, sabemos bem que a pressão da cabine do avião varia um pouco em pousos e decolagens, então as duas tiveram dor no seio frontal (que fica logo acima do nariz, entre as sombrancelhas), durante o pouso. A coincidência da dor fez o clima mudar, todos começamos a achar a coisa engraçada, mas estávamos todos tristes, na verdade. 15 minutos em Goiânia e mais 15 de vôo até Brasília.

O aeroporto de Brasília parece um shopping. Lá nós trocamos de avião e tivemos que esperar uma hora e meia. Compramos descongestionante para o nariz, analgésicos, colírio (a Tica esqueceu o dela em CG), tomamos café com pão de queijo e conversamos um pouco. Eu sempre tentei falar positivamente dessa mudança, que é pra melhor, uma boa oportunidade para vivermos com mais simplicidade e tranquilidade, em uma cidade menos estressada, cercados por amigos queridos, mas as meninas deixaram tudo lá em CG. Amigas, namorados, lugares, lembranças... até a mãe!

O avião saiu de Brasília na hora certa. Pousamos em Recife até adiantados, com mais dores de cabeça nas meninas, mesmo com o descongestionante. Nesse ponto nós já estávamos mais tranquilos, conversamos bastante e lemos um pouco. Como chegamos cedo em Recife, a decolagem demorou mais do que o esperado, e chegamos a João Pessoa na hora marcada, nem um minuto de atraso. Sapavéia tava nos esperando no aeroporto, dali nos levou pra almoçar (sushi e sashimi, deliciosos), pra ver um pouco da cidade e pra tomar um banho de mar em Camboinha. Estávamos todos muito cansados e loucos pra trocar de roupa e dormir. Chegamos em casa antes de anoitecer e enchemos a cara de cerveja (eu e a Sapavéia), tocamos um pouco de violão e dormimos o sono dos justos.