Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Google queries

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Raul Seixas (Gitâ)

Às vezes eu me espanto com o que as pessoas buscam na internet. Usam o Google e acabam caindo aqui. Já postei algumas dessas buscas, interessantíssimas, mas hoje resolvi colocar uma listinha das últimas que trouxeram os desavisados:

"ALVEOLITE DENTÁRIA" - Bom, já escrevi mais de uma vez sobre isso, se alguém quiser discutir comigo esse assunto, manda um e-mail: mrteeth@ig.com.br
"onde professor colocar escovas dente" - E eu lá sei? Manda fazer um armário, que tal?
"sorriso ortodôntico" - Essa veio do Google Images. Eu tenho algumas fotos de sorriso aqui, se alguém quiser, é só avisar.
"frieiras" - Não, essa não é comigo.
"efeitos anestesia dentaria mal aplicada" - É, existem efeitos colaterais, sim, mesmo quando bem aplicada. Pesquise um pouco mais.
"pasta perpendicular" - ???
"crescimento crânio facial" - Ôpa, essa discussão é boa! Pena que a pessoa não me escreveu.
"Quero pesquisar o nome do dentista pelo numero do cro" - no site do CFO você encontra o que procura.
"ONDE VEJO SE O CRO DO DENTISTA É VERDADEIRO?" - Idem o anterior
"como tratar dentes de graça" - Nos postos de saúde, é claro! E o tratamento não é ruim.
"livros caros odonto" - Amigo, se você encontrar UM que não seja caro, me avise, por favor.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Nomes

O que não tem medida nem nunca terá
O que não tem remédio nem nunca terá
O que não tem receita
Chico Buarque (O que será)

Dona Ostra e Dona Ameba são minhas secretárias. D. Ostra, que é mais espertinha, trabalha lá na recepção e D. Ameba me auxiliando na clínica. Os nomes se referem ao nível de Qi das moças.

Outro dia pedi à D. Ameba que comprasse silano* na dental (devia ter pedido 'primer de porcelana', mas nem quero pensar no que ia sair daí). Dois dias depois a D. Ostra vem me dar o relatório:

- Dr. Teeth, aquele tal de 'solano' que o Sr. pediu não existe. Eu liguei para todas as dentais e ninguém nem sabe do que se trata, dizem que isso não existe.

Eu não me lembrava do pedido e também não fazia idéia do que seria. D. Ameba tentou:

- O Sr. me pediu pra comprar 'solano' anteontem, eu disse para a Ostra que era pra ligar nas dentais, mas ela não achou.
- Eu liguei, ninguém nem sabe o que é.
- Eu conheço um bombril chamado 'solano'.
- Humpf, sua boba, aquilo lá é ASSOLAN!!!

Já pensou se eu peço 'primer de porcelana'?

* Informação útil: silano é um agente de união para porcelana. Com seu uso é possível colar resina nas partículas de vidro das cerâmicas. Eu uso pra colar brackets em coroas de porcelana, ou para aplicar na base de brackets cerâmicos que insistem em não parar no lugar.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Carnaval

Eu ia escrever um post sobre o carnaval. Deu preguiça. Aí eu vi o post do ano passado, achei que estava de bom tamanho. Então, se vocês quiserem ver o que eu penso do carnaval, está lá.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

O golpe do disque-seqüestro

Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chico Buarque (Samba do grande amor)

Argemiro, cabra macho até debaixo d'água, recebe uma ligação no seu celular, uma voz masculina, chorando:

- Pai, pelamordedeus, me ajuda, eu fui assaltado!!!
- Zé? É tu, meu filho? É tu, Zé?

Outra voz masculina assume a conversa, em tom ameaçador:
- Olha, estamos com o Zé aqui, já demos uns tapas nele, e se você não pagar ele morre!
- Seu moço, é o Zé, meu filho, que está aí com vocês, chorando desse jeito?
- É ele mesmo, e se você não negociar com a gente, ele morre!
- Olha, quer saber? Pode matar.
- É o seu filho, nós vamos matar ele se você não pagar 30 contos, hoje mesmo!
- Pois mata! Eu não criei filho pra ficar chorando feito baitola, eu não quero mais ele não.
- Mas nós vamos matar ele, vamos judiar muito!
- Judia mesmo! Judia e mata, que boiola comigo é assim. E tem outra: se vocês não matarem, quando ele chegar aqui, mato eu! Não criei filho frouxo, prefiro ele morto. Aliás, você é bandido, né?
- Sou bandido da pior espécie, não tenho pena de ninguém, já matei muitos.
- Então: quanto você quer pra matar ele? Olha, eu pago até 50 'real', acaba com o frouxo e some com o presunto. Não criei filho pra ficar chorando feito quenga arrependida só porque levou uns tapas, pode matar.
- Mas homem, é sangue do seu sangue, vai deixar matar?
- Se você não matar, mato eu, e não quero complicação pro meu lado. Mata você.
- Olha, você pode ir preso.
- Vou não, quem vai matar não sou eu... peraí... esse Zé que tá aí com você é magro ou gordo?
- É magro.
- Então acho que não é o meu, que tá chegando em casa agora... não mata ainda, peraí...

Ao longe, o bandido ouve o Argemiro brigando com o filho, bravíssimo.

- Seu bandido, esse Zé chorão aí não é meu não... então eu não vou pagar procê matar ele, liga pro pai dele, quem sabe ele te paga alguma coisa, viu? No meu Zé eu vou dar uma boa surra, pra ele aprender a ser macho.

E desligou o telefone.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

João Hélio (post atrasado)

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Chico Buarque (Construção)

Passada a idiotificação inicial que me bateu quando eu soube da morte do menino, resolvi escrever sobre isso. Não tinha conseguido até agora, acho que só ia escrever lugares-comuns como 99,9% dos textos que li sobre o assunto por aí. Indignação, clamor por reformas, tudo muito lógico, muito justo, muito previsível.

Previsível também a frase infalível: "É culpa de todos nós". Peraí, todos nós não, cara pálida! Eu não tenho culpa nenhuma nisso, não aceito que me culpem porque não tiraram os bandidos-monstros da rua antes de eles matarem o garoto. Eu pago impostos escorchantes, sou a favor de penas duríssimas para qualquer infrator, seja ele maior ou menor, branco preto ou verde, rico ou pobre, isso ou aquilo. Sou a favor até da pena de morte, não porque esta poderia ser um instrumento de dissuasão do crime, mas porque evita a reincidência. Nós não pagaríamos para os criminosos ficarem na prisão aprendendo novas formas de nos intimidar. Além disso, nós não teríamos bandidos nas cadeias extorquindo dinheiro da população via celular. E, por falar em celular, porque é que os presos não são revistados depois das visitas? Porque será?

Nenhum dos bandidos envolvidos no assassinato do João Hélio era primário. Se banidos tivessem penas duras e certas, ele estaria vivo. Esses monstros não estariam na rua.

Sinto muitíssimo pela morte do garoto. Senti até muito mais do que eu achava possível, quando pensei na mãe vendo o filho arrastado pela rua. É uma coisa realmente desesperadora, mas não aceito que me coloquem parcela de culpa nisso. Se é para eu ter culpa, contratem-me como ministro de alguma coisa, secretário de segurança pública, qualquer coisa dessas, para que eu possa agir. Se eu sou obrigado a votar e pagar imposto, não sou obrigado a levar a culpa pelas besteiras que os outros fazem.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Kababismo

Eu sou a vela que acende, eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo, eu sou o tudo e o nada
Raul Seixas (Gitâ)

Por falar em fé, há tempos um amigo me mandou um artigo sobre a fundação da única religião com a qual eu me identifiquei: o Kababismo. Com fundamentos simples e um apelo emocional irresistível, é a própria imagem do liberalismo ecumênico. É tanto que eu até resolvi colocar um link permanente neste humilde diário.

Visite, se gostar, junte-se. Delicie-se!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Franquias

Muita careta pra engolir a transação,
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho...
Chico Buarque (Meu caro amigo)

Depois dos convênios, uma das maiores novidades na Odontologia são as franquias. Prometem que você pode comprar know-how, montar sua clínica nos moldes dos maiores sucessos do mundo e ganhar um saco de dinheiro todo mês. De novo, o alvo principal é a Ortodontia. Arre, parece que ninguém é ortodontista, mas todo mundo resolveu querer ganhar dinheiro às nossas custas!

O esquema é assim: você compra a franquia, eles fornecem o esquema todo: programa de computador, planejamentos-padrão para cada tipo de má-oclusão, treinamento de pessoal, etc. Quase não custa caro: as mais baratinhas saem por módicos R$ 35.000,00. Isso mesmo: TRINTA E CINCO MIL REAIS!!! Preço de carro. Mas as vantagens são muitas, começando pelo fato de que você vai ganhar dinheiro com isso. O que ninguém conta é que não há garantia. Você gasta o dinheiro, monta tudo mas, se não der certo, um abraço.

Os maiores divulgadores das maravilhas das franquias também não contam, no primeiro momento, que são vendedores. De franquias, claro. Agora, vamos aos fatos:
  • Você precisa de um programa de computador sofisticado para gerenciar sua clínica? Ou será que um programa desses que se vendem por aí por 500 contos resolve seu problema? Eu conheço um programa 'de grátis', que foi escrito como trabalho de conclusão de curso de especialização que é ótimo. Eu acho que todo o trabalho deve ser remunerado, mas se o autor resolveu disponibilizar seu programa na internet, por que não aproveitar?
  • Você acha, sinceramente, que pode usar planejamento-padrão para más-oclusões? Tipo, todo paciente Classe I eu vou tratar deste jeito; Classe II, daquele? Isso é simplificar a ortodontia criminosamente. Se fosse assim, qualquer chimpanzé poderia fazer tratamento, era só treinar. Na Ortodontia, tratamos seres humanos, não existem dois iguais. Depois de 3 anos cursando (e pagando caro) uma especialização, você realmente precisa disso?
  • Será que não fica mais barato, muito mais barato, você pagar um curso de atendente de consultório para a Srta. Ostra e depois ajustar os procedimentos ao seu gosto do que gastar o preço de um carro para os franqueadores ensinarem tudo diferente do que você queria? E você vai conseguir se adaptar ao sistema de trabalho deles? Vai ser realmente bom pra você?

Fez as contas? Então, você poderia ter tudo isso por muito menos, sem deixar o seu suado dinheirinho nas mãos de meia dúzia de espertalhões que, mais uma vez, querem lucrar com o seu trabalho.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Xilique perigoso

Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Caetano (Podres poderes)

Comentando sobre o xilique do prefeito de Sampa: todo mundo tem o direito de rodar a baiana, de vez em quando, mas o cara, sem dúvida, exagerou. Quem viu o vídeo, confirma, parece que baixou o santo nele, saiu feito louco atrás do infeliz do velhote que 'ousou' reclamar. Mas o problema não é esse. O problema é que o tal velhote é o chefe do prefeito. Sim, isso mesmo: o tal manifestante é um cidadão, um morador da cidade de São Paulo e, como tal, paga seus impostos. O prefeito nada mais é do que um administrador, ele foi colocado lá pela população para administrar o patrimônio dessa população e recebe seu salário dessa mesma população. Então, o prefeito é um empregado, um servidor público. Portanto, o manifestante é seu patrão.

Vejam só, quem diria... se um empregado meu faz uma bobagem dessas, está no olho da rua meio segundo depois de dar o xilique. A diferença é que ninguém ainda se tocou que vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidente são nossos empregados. Eles agem como se fossem chefes, patrões todo-poderosos, mas são pura e simplesmente nossos empregados. Nós também agimos como se eles fossem chefes, rendemo-lhes homenagens, tiramos os chapéus e nos curvamos frente a essas pessoas.

Novamente a questão da hierarquia invertida: nós, povo, subjugados pelas pessoas que nós colocamos lá para nos servir.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Foi revelada na assembléia - atéia
Aquela situação atroz
A voz foi infiel trocando de traquéia e o dono foi perdendo a voz
Chico Buarque (A voz do dono e o dono da voz)



Às vezes eu encontro uma frase, uma figura, uma palavra que resume todo um sentimento que eu gastaria páginas para explicar. Com religião é assim, eu simplesmente não consigo entender como é que as pessoas conseguem ficar cegas por uma idéia, uma doutrina, alguns dogmas. Pior: fanáticas por outras pessoas, tão humanas quanto elas mesmas, mas que se dizem representantes do divino na terra.


Eu já fui a muito encontro de grupo de jovens na igreja, mas nunca me senti realmente parte da coisa. Nunca senti que eu precisava daquilo, ou que aquilo precisava de mim. Já me declarei religioso, agnóstico e, hoje, acho que eu sou ateu. Eu acho que sou, mas respeito a fé dos outros, só não consigo entender o fanatismo... até ver essa frase. Aí eu comecei a entender.


Autoria do André Dahmer, publicado nos Malvados

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Baixaria II

Eu compro esta briga e não faço favor
No fundo, no fundo, você não prestou
Antonio Carlos e Jocafi (Toró de lágrimas)

Outra notícia engraçadinha, só que esta tem tudo a ver com Odontologia:

Dentista quebra dentes de paciente após discussão

Consta no texto que um dentista israelense (esse é 'brimo', não parece?) perdeu a classe e, com um martelo (!!!) quebrou os dentes de um desafeto. Mas isso é que é levar a sério a profissão! Eu fiquei imaginando se, depois de passado o episódio (e depois de o dentista ter saído da cadeia) eles não fizeram as pazes:

- Ô, primo, desculpa aí esse negócio, perdi a cabeça, eu nunca faço isso...
- Maf primo, eu fiquei fem of dentef, tá tudo horrível.
- Não esquenta não, pega aqui o meu cartão, passa lá no meu consultório que eu vou fazer uns implantes com próteses de porcelana, sai baratinho, eu parcelo o pagamento, você nem vai sentir! Fica melhor que dente de verdade!