Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Bactéria x bactéria

E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar
Raul Seixas (O dia em que a terra parou)

Notícia quentinha: pesquisadores alemães inventarm um chiclete que combate as cáries. Legal, a iguaria contém bactérias que combatem o grande causador da cárie, um certo Streptococcus mutans, velho conhecido da comunidade odontológica e mestre em frustrar tentativas de acabar com ele. Já tentaram vacina, bochecho com mil e uma substâncias, feitiçaria, benzedura, reza brava e nada. O bicho continua lá, se é que se pode chamar bactéria de bicho. Tá, eu sei que não é, mas o som da frase ficou legal, então eu vou deixar assim.

O problema é que existe, sim, um jeito de evitar cáries. Uma associação simples de flúor e bons hábitos de higiene. Raios, escovar os dentes é hábito de higiene básica, eu já escrevi sobre isso quando falei de manias e do número de vezes que se deve escovar. Mas ficam inventando um jeito de evitar a necessidade de escovação. Será que ninguém pensa em arrumar um jeito de não precisar mais tomar banho todo dia? Seria legal, você toma um comprimido e pode ficar um mês sem tomar banho que não vai ter doença alguma. Se você ficar fedido como um porco, não tem problema, porque doença você não vai pegar. É um paralelo razoável: você masca um chiclete e não precisa escovar os dentes. Os outros que aguentem o bafão.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

Aniversário

Eu nasci há dez mil anos atrás
E não tem nada neste mundo que eu não saiba demais
Raul Seixas (Eu nasci há dez mil anos atrás)

Aniversário passa e autor nem tchuns...

Pois é, o Al-Dente fez um aninho no dia 01/06 e eu nem percebi... agora já foi, nem dá mais pra comemorar, vai ter que ficar para o próximo. Eu vou mesmo meio desligado, não consido guardar os nomes das pessoas nem as datas dos aniversários, deve ser algo genético, sei lá.

Mas eu prometo que vou tentar me lembrar do aniversário de dois anos e fazer um post caprichadíssimo, editado no word, revisado, com figura e tudo. Abraços a todos e muito obrigado aos que me lêem com frequência - sei que são poucos, mas selecionadíssimos!

sábado, 26 de agosto de 2006

Esses santos homens e suas imaculadas biografias II

Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
Chico Buarque (O meu guri)


Quebra-Quebra no Escritório do Deputado JOÃO GRANDÃO (MS)

O Deputado João Grandão, também conhecido como João “Sirene”(?), ao chegar no seu escritório, olhou para o monitor de seu computador e, num acesso de raiva, pegou uma cadeira, começou a quebrá-lo e a gritar:

- Não admito! Não admito! No meu próprio escritório!

E continuou a quebrar o seu computador. O seu assessor, muito assustado, lhe perguntou o que estava acontecendo.

-Olhe ali, no computador! Não admito! Sanguessuga!!!! No meu computador!!! Não admito!!!! - respondeu gritando o Deputado. O assessor olhou para o monitor todo quebrado e respondeu:

- Não, Deputado, é SAMSUNG. O monitor é da marca SAMSUNG, não é sanguessuga.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

O que o cliente quer ouvir

Me diz que eu sou seu tipo
Repete, amor, que eu acredito
Eduardo Dusek (Seu tipo)

É difícil para o cliente ouvir do profissional que sua expectativa de tratamento está errada. Normalmente a pessoa chega à clínica com uma idéia relativamente concreta do que a espera: "vou a um ortodontista, devo usar aparelho nos dentes por um ano e tanto, vai doer e tals". Quando ouve o que não queria, não gosta, claro. Se o ortodontista diz que o caso é cirúrgico, ou que precisa de um tratamento periodontal antes e isso não fazia parte dos planos, é quase certa a decepção.

Durante muito tempo eu me recusei a fazer tratamentos ortodônticos de casos que exigiam cirurgia se o cliente não quisesse operar. Perdi todos. Muitos dos clientes até não se recusariam a operar, mas queriam ter uma opção. Hoje, mais experiente, eu dou opção a eles - um tratamento que vai 'quebrar um galho', apenas maquiando o problema, sem corrigi-lo realmente. Faço isso roendo o céu da boca, eu sei que não está certo, mas eu preciso dar uma opção ao meu cliente, ou ele vai acabar encontrando um que diga o que ele quer e, com certeza, vai se dar mal. Isso aconteceu com a moça da cirurgia e com muitos outros que eu vi por aí.

Acontece muito em casos de extração. O cliente já chega dizendo que não quer extrair dentes, se eu fincar o pé e dizer que sem extração eu não trato, ele vai achar outro que trate. Então eu preciso dizer: "Vamos começar assim, se depois do alinhamento dos dentes você estiver feliz com o resultado, terminamos. Se não, estudamos as possibilidades". Entre essas possibilidades estão as extrações e, até lá, ele pode estar convencido de que esse é o melhor caminho.

Mas o principal nisso tudo é nunca mentir para o cliente. Deixar muito claro que o tratamento alternativo é sempre muito inferior em resultados ao inicialmente proposto. Que o 'quebra galho' não vai resolver o problema, vai apenas varrer a sujeira pra baixo do tapete. Nunca dar a impressão que vai ficar bom, porque não vai. Não existem milagres, infelizmente.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Esses santos homens e suas imaculadas biografias

Vai cair, a máscara azul
Vai cair, o nível mental
Raul Seixas (Dentadura postiça)

Estou impressionadíssimo com a falta de nomes de políticos do MS nas listas de mensaleiros, saguessugas e da bandidalha em geral sendo pilhada pela imprensa. Não pensem que é porque por aqui o nível de corrupção seja menor do que em outras plagras.

Podemos nos orgulhar de possuir um dos mais representativos espécimes do coronelismo fisiológico da política brasileira, um certo Pedrossian, que foi (sempre ao lado do governo) UDN, Arena, PDS e, com essa história eminentemente de direita reacionária, acabou no PTB (?) do Brizolla, ícone da esquerda burra e golpista. Daí já dá pra ter uma idéia do nível do fisiologismo das duas figuras. Pedrossian, o flagelo armênio do Pantanal, conseguiu ser governador do antigo estado do MT (antes da divisão) e duas vezes do MS depois desse criado. Indicado, a golpe de pena, e depois eleito. Enriqueceu como o diabo, tornou-se, de engenheiro de ferrovia, em um dos maiores latifundiários e criadores de nelore do mundo. Quebrou espetacularmente, vítima do vício pouco recomendável de apostar a própria moradia em carteados - e perder.

Pois agora, aposentada tal eminência, temos um vácuo na bandidagem pantaneira, só conseguimos emplacar um mísero deputado federal. Vladimir Moka, que ainda nem foi citado na CPI, já se diz inocente e é candidatíssimo à reeleição. Reelege-se sempre. O outro nome citado, João Grandão (homem pequeno, note-se), é estadual e está enrolado até a raiz dos fartos cabelos. Não deve ser difícil para ele, entretanto, se safar. A tradição Sul-Matogrossense de relevar os pequenos deslizes de seus representantes não há de deixar esse filho da terra desamparado. Deve ser reeleito também, para gozar da merecida imunidade que o 'parlamento' lhe dá.

Ah, esses nobres homens e suas impolutas biografias...

terça-feira, 15 de agosto de 2006

O professor processado

Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Caetano (Como dois e dois)

Pois a moça fez quase tudo como deve ser feito. Procurou um professor da Universidade Federal, supostamente um profissional de primeira linha, para realizar a cirurgia. Ela tinha um bom trauma pela forma da arcada superior projetada, já tinha procurado tratamento ortodôntico, mas o ortodontista disse que ela precisava de 18 meses de tratamento, uma cirurgia e mais 6 meses de aparelho.

Era demais para ela, aparelho ortodôntico por dois anos, com uma cirurgia relativamente grande no meio, anestesia geral e 3 dias de internação... Não, tinha que ser uma coisa ou outra. Procurou o primeiro cirurgião, que deu o mesmo diagnóstico. Finalmente ela encontrou um que aceitou operá-la sem o preparo ortodôntico. Infelizmente, para cirurgião e paciente, as coisas não deram certo, leia a matéria completa, vale a pena.

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Entidades de classe (Updated)

Tem gente que passa a vida inteira
Travando a inútil luta com os galhos
Sem saber que é lá no tronco
Que está o coringa do baralho
Raul Seixas (As aventuras de Raul...)

Outro dia alguém me perguntou, via comentário, se eu acho importante participar de entidades de classe, ABO, sindicato e afins. Eu acho que sim, mas escolher bem a entidade para se associar é de vital importância. É necessário, antes, ver direitinho qual é o propósito da entidade, para depois investir seu rico dinheirinho nela.

Eu sou sócio da ABO desde a minha formatura. Na verdade, desde que eu era acadêmico. Considero a ABO uma entidade séria, comprometida com os interesses da classe. Se não fosse assim, eu não seria sócio. Como não sou sócio do sindicato. Também não pago o sindicato, nem mesmo a tal 'contribuição sindical', que eles nos roubam todo ano. Parei, quero ver o que os caras vão fazer comigo. Parei porque eu vejo que o sindicato, pelo menos aqui no MS, não funciona como deveria, e eu já me dou o direito de só pagar pelos serviços que eu efetivamente recebo. Quem se insurgiu contra o ato médico, por exemplo, foi a ABO. Cadê o sindicato, nessa hora? Estava ocupado, ministrando cursos para ganhar dinheiro.

É a velha história do dinheiro à frente das pessoas. Eu sempre digo aos meus alunos: "Nunca coloque o dinheiro à frente do seu paciente. Você pode ganhar muito agora, mas um dia a coisa pega, o jacaré te abraça e a casa cai". Já cansei de ver acontecer. E o sindicato caminha a passos largos nessa direção. Quem quer um sindicato atuante, que realmente defenda a classe, não paga esse sindicato que nós temos hoje.

Outras entidades, como a ABCD, por exemplo, só existem para dar cursos mesmo. Aí, entrar numa dessas, é fria total.

UPDATE

Mas foi só eu falar sobre o sindicato e me cai nas mãos o jornal "Odonto em ação". Vou reproduzir aqui os títulos das matérias do jornal, veja só:

- Inscrições abertas para o segundo curso prático para confecção de aparelhos ortodônticos e ortopédicos
- Conheça as regras dos cursos de pós-graduação
- Alunos do curso de periodontia do Sindicato de Cuiabá atendem a população
- Primeiro curso de periodontia no SIOMS representa mais um avanço da classe
- Inscrições abertas para o curso de especialização em prótese dentária do SIOMS
- Curso de iniciação em ortodontia e ortopedia facial
- Curso de especialização em ortodontia se destaca pela equipe de docentes
- Professor Marcelo Fabian esclarece a importância da especialização na vida profissional
- Curso de especialização em ortodontia supera as espectativas
- Caso clínico - enxerto de tecido conjuntivo subepitelial (tinha que ter um caso clínico, se não não era um jornal "científico")
- Curso de especialização em implantodontia tem presente na equipe de docentes o professor Alberto Consolaro
- Mais uma turma em implantodontia finaliza a especialização com êxito e as inscrições estão abertas para o próximo curso
- Turma do curso de atualização em implantodontia finaliza com sucesso
- Inscrições abertas para o curso de especialização em implantodontia na Base Aérea de Campo Grande.

Tem mais, mas eu cansei de digitar. Todos esses cursos são oferecidos ou no Sindicato dos Odontologistas (sic) de Mato Grosso do Sul, ou na Base Aérea de Campo Grande, ou no Sindicato do estado de Mato Grosso. E eu me pergunto: prá que é que serve o sindicato?!? Eu lá sei o que é odontologista? Prá que serve a Base Aérea?????? Eu tenho certeza absoluta que essas entidades não deveriam estar promovendo cursos de odontologia.
-

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Ugh!

Para levar num hospital de aleijado
Eu vou com muito cuidado
Moreira da Silva (Bilhete premiado)

O pior fim-de-semana da minha vida

Sexta, saindo de uma gripe (coisa que eu não tinha há anos), dei um mau-jeito nas costas. Distensão muscular, o resto da sexta, o sábado e o domingo de molho, quase sem poder levantar. Segunda levantei pra ir pra facu. Ainda dói, mas eu funciono, só me faltou um feriado pra descansar.

Não esperem que eu escreva coisas engraçadinhas tão cedo.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Dentista não mata

O humano é o engano do humano
E é o mano que engana o outro mano
Arnaldo Antunes (O engano do humano)

Uma moça morre nos EUA, vítima de um "médico" que a mutilou em uma suposta cirurgia de lipoaspiração. O "médico" atuava sem licensa, processado no Brasil, sem condições de higiene e biossegurança em um porão. Outra moça já tivera problemas com o esquema.

Eu fico me perguntando como é que as pessoas se submetem a esse tipo de coisa. Será possível que estão cegos? Não conseguem enxergar um palmo à frente do nariz, não vêem que a situação é de extremo risco, não pesam os custos da empreitada? Será que só vêem dinheiro em sua frente? Veja que quando eu falo de pesar custos, não estou falando de dinheiro, estou falando de custo biológico, de infecção, dor, mutilação, morte! A moça procura um criminoso, não checa suas referências, não visita a 'clínica' antes da cirurgia, não pesquisa a história, não se importa com nada a não ser em fazer uma cirurgia que, a princípio, lhe dará um corpo melhor a um precinho camarada. O problema é que, como eu não me canso de dizer, o barato sai caro. Sempre.

Na odontologia não é diferente. A grande diferença é que o cliente do dentista raramente morre. As mutilações são frequentes mas, como ficam dentro da boca, ninguém percebe. Não são tanto mutilações estéticas, são funcionais, o que é muito pior, mas tem muito menos visibilidade. Não há uma cultura de se reclamar de serviço mal feito por dentista. Há muito, muito corporativismo, o que é plenamente compreensível, mas torna a profissão menos confiável. Todo mundo reclama se a TV que acabou de comprar pifar, mas se o dente quebra e o dentista não quer consertar, deixa pra lá.

Então continua a cultura de procurar um serviço baratinho, a despeito da qualidade. Quase ninguém pensa que não existe milagre, que um profissional que estudou e sabe bem o que está fazendo, custa caro. Custa porque investiu na profissão. Fez curso de biossegurança, ao invés de marketing.

Em tempo: dentista quase nunca mata.