Normas

Da Paraíba para o mundo, com amor:

Todo o material publicado nesta página representa o ponto de vista parcial e preconceituoso de um indivíduo do século passado. Se você achar aqui afirmativas que lhe pareçam sexistas, xenófobas, racistas ou, de qualquer outra maneira, ofensivas a seus pontos de vista, pare de ler imediatamente. Ou prossiga, a seu próprio risco. Ou não.

Use antes de agitar: leia as normas do blog e lembre-se: comentários são moderados. Anônimos não serão publicados.

E aproveite que eu sou professor: se você achar que eu posso ajudar, mande um e-mail para mrteeth@ghersel.com.br

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Odeio segunda feira

Não é crise existencial, é ressaca do final de semana mesmo. Segunda é um dia em que tudo é mais difícil, trabalhar, estudar, até fazer exercício, apesar de que isso pra mim é difícil em qualquer dia, mas segunda é mais.

sábado, 29 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 4

4 - Ortodontia x ortopedia

Arroz e feijão, leite e café, goiabada e queijo... nossa, como combinam, como se completam! Tanto que é até estranho falar de um sem o outro. Assim são ortodontia e ortopedia, duas técnicas de tratamento de discrepâncias dento-esqueléticas que raramente podem ou devem ser aplicadas independentemente.

Notamos hoje uma polarização muito grande em torno de uma das técnicas, gente falando bem de uma e mal da outra, como se isso fosse possível. Como se uma técnica ou outra não tivesse aplicação neste ou naquele caso. Ora, como já dizia um professor meu, quando a ferramenta que a gente tem nas mãos é um martelo, tudo o que a gente vê pela frente é prego! Ou seja, quem insiste que “só usa ortopedia” está vendo pregos onde pode ter muito mais coisa. E provavelmente tem. Eu insisto em que qualquer profissional, e principalmente o ortodontista, deve procurar a técnica mais eficiente para tratar o seu paciente. É um erro grave tentar aplicar a sua técnica tão preciosa a TODOS os seus pacientes. Estamos falando de seres humanos, não existem dois iguais, é claro que muitos serão bem tratados pela técnica que o doutor adotou, mas outros não, e daí?

Daí que você tem que conhecer mais de uma. Seu paciente está em fase de crescimento e tem discrepância esquelética? Ortopedia funcional nele. Não funcionou? Ortopedia mecânica. O problema não é esquelético, mas dentário? Ortodontia! Tem discrepância esquelética mas não tem mais crescimento? Cirurgia.

Ou seja, é imprescindível conhecer diversas técnicas, os melhores e piores aspectos de cada uma (todas tem algo a oferecer, até Planas tem alguma coisinha, acredite), suas vantagens e limitações. Escolha o melhor tratamento para o seu cliente baseado no que ele precisa, não no que você pode oferecer. Misture conceitos. Por isso eu acho um absurdo completo a “especialidade” de ortopedia funcional. Ela não pode ser separada da ortodontia, pois uma não está completa sem a outra.

sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Dos medicamentos e dos placebos

Eu sou um cientista, pragmático ao extremo, cético de tudo a princípio. Pra mim, medicamento é o que tem princípio ativo, que eu conheço o mecanismo de ação, eu sei que radical da molécula se liga ao receptor da célula e o que isso provoca, ou seja, sei a farmacodinâmica da coisa.

Tenho um amigo que diz que, pra mim, medicamento é o que tem efeito colateral. Em parte eu concordo, porque o próprio efeito colateral pode ser desejável, caso se procure uma forma específica de ação. Só por isso eu já não acredito em homeopatia, orto-molecular, acupuntura, shiatsu, do-in, reabilitação neuro-oclusal, biocibernética bucal e outras bruxarias. Nunca houve prova científica de que qualquer uma dessas técnicas funcione realmente, são meramente apoiadas na crença de que funcionam. Mesmo a ortopedia funcional, que eu uso e indico, não tem grande comprovação científica, mas essa, pelo menos, eu vi funcionar.

Por isso a citronela me espantou. Gente, estou de boca aberta com a eficácia da coisa! Minhas filhas dizem que eu estou virando bruxo também, cozinhando folhas e espalhando pela casa...

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Citronela

Eu tenho um pé de citronela em casa. Parece capim cidreira (ou capim-limão, como alguns chamam), mas tem um cheiro mais parecido com eucalipto, mais doce... bom, fato é que disseram que a tal citronela espanta insetos. Fiz um chá, coloquei no borrifador e experimentei. Funcionou!!!

Eu, que não acreditava em chazinhos, adotei a folha como meu inseticida natural particular. Cheiroso e eficiente.

terça-feira, 25 de outubro de 2005

Aftosa

Eu moro no Mato Grosso do Sul. Canso de corrigir quem confunde meu estado com o de Mato Grosso, do qual nos separamos há 28 anos, mas não é esse o tema da conversa. O problema é que apareceu, há alguns dias, no sul do estado de Mato Grosso do Sul (uia, quanto sul, gente), um foco de febre aftosa, doença que mata boizinhos, porquinhos e outros bichinhos comestíveis mas não faz mal à nossa saúde, até que se prove o contrário.

Essa doença não faz mal à saúde mas faz muito mal aos nossos bolsos. Muito mesmo! Pois vejam vocês que, para debelar os focos da doença, eles matam os bichos doentes e os que não estão doentes mas vivem na mesma região. Enterram todos. Os donos dos bichos chiam, com razão, porque um animal que vale coisa de 500 contos vira adubo, na melhor das hipóteses. Preju na certa, pra eles. Só tem uma coisinha: eles querem ser indenizados pelas perdas, o que é muito justo, ainda que eu, você e o dono da quitanda da esquina não tenhamos absolutamente nada a ver com as perdas do fazendeiro. Só sabemos que o preço da carne do santo churrasco do domingo deve, eventualmente, subir, por diminuição da oferta do produto.

Vamos pensar juntos: nós vamos pagar mais pela carne. Além disso, se o governo indenizar os fazendeiros, o dinheiro sai, claro, do nosso bolso, afinal de contas nós somos o governo na hora de pagar. Pagamos duas vezes.

Agora eu penso sozinho: se o meu consultório explodir, se o compressor der uma curuca e voar pelos ares, arrebentar as paredes e destruir tudo, será que o governo vai me indenizar? Será?

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Música

Eu gosto de tocar meu violão nas horas vagas. Toco mal, mas eu gosto, e daí? Quem não gostar que saia de perto.

Bom, mas todo músico tem umas preferidas, eu tenho trechos:

  • O dueto de acordeão e bandolim no final do Xote de Navegação, do Chico Buarque
  • A última estrofe do Cuitelinho (folclore do Mato Grosso do Sul)
  • Gueixa (a música inteira é linda), do Oswaldo Montenegro

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

A formação do Ortodontista

Palavras do Dr. Roberto Shinyashiki (putz, será que é assim que escreve o nome dele?)

"Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso."

Exatamente o que acontece hoje na Ortodontia. O cara sai da faculdade achando que é deus. Ou faz um cursinho de final de semana ou nem isso e, na ânsia de ganhar dindim, se esquece que está tratando um ser humano. Triste...

Referendo

Seguinte:

Eu acho que esse referendo é a maior piada, e de mau gosto, que os sucessivos governos já armaram para o povo. A gente perde votando sim ou votando não. A gente perde o domingo! Ao invés de ficar em casa enchendo a cara de cerveja, a gente tem que sair pra apertar a merda do botão dos caras...

Coisa inventada por ditadores inseguros, o voto obrigatório é o maior contra-senso da história da humanidade. Vai contra os mais básicos princípios da liberdade, ao obrigar o cidadão a escolher entre este ou aquele. Piora quando ninguém se levanta contra isso, apenas vozes solitárias como a minha. Além do mais, o cidadão continua desinformado, pois não sabe das possibilidades que se descortinam à sua frente quando encara a fatídica (e obrigatória) maquininha. Ensinam o infeliz a votar neste, naquele e no outro bandido, ensinam a votar em branco (o que é o mesmo que votar no bandido mais votado), mas não ensinam a anular o voto.

Bom, no fim das contas, eu acho que votar é um direito. Tá escrito na constituição, eu concordo, votar é direito de todo o cidadão. Eu sou cidadão, tenho o direito de votar. Mas, peraí... se eu tenho o direito de votar, eu também teria que ter o direito de NÃO votar. Só que esse me foi cassado. Eu sou OBRIGADO a votar, porque se eu quiser fazer concurso público e também mamar nas fartas tetas do governo, tenho que apresentar o comprovante de voto. A prova que eu sou bonzinho e obedeci o patrão. Então, pra mim, tanto faz sim ou não, o meu direito de não votar já foi cassado (êta, democracia boa) e eu, revoltado, voto no 3. Se eu não fosse obrigado, talvez escolhesse um lado, conscientemente, democraticamente. Como me obrigam, não estou nem aí qual lado vença, eu quero é bagunçar!!!

Em tempo: acabo de ler uma frase que achei perfeita para definir a inutilidade dessa inhaca toda: "O que mais me impressiona nessa discussão toda, é que 95% dos que votarão 'NÃO' no referendo são uns bundas-moles, que nunca chegaram nem perto de uma arma de fogo e nunca tiveram (ou terão) colhões para exercer o tal do 'intocável direito' de comprar uma."
(Psycho, ex-aprendiz do Justus)

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Confesso

Que gosto de assistir ao filme "Perfume de Mulher". Soa meio gay, essa afirmação?

Gosto também de três beldades:

  • Denise Richards
  • Rachel Weiss
  • Gabrielle Anwar (absoluta)

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 3

Má oclusão x maloclusão*

Quando se escreve no Word, não tem jeito: maloclusão vem grifado em vermelho. Já é uma dica do que se vai dizer aqui, essa palavra está errada. Apesar de que muitos ortodontistas a usam pelo Brasil afora, a palavra está errada, me perdoem os corações sensíveis.

Primeiro, um pouco de história: a Odontologia começou atrasada no Brasil. Colonização portuguesa, extrativista e exploratória, nos deixou com complexo de último da lista, então os primeiros livros que nós usamos para estudar eram impressos em espanhol. Vinham do Uruguai e da Argentina, países que já estavam bem mais adiantados nas ciências dentárias. Dessa época herdamos a pulpotomia (de “pulpa”, que é polpa em espanhol) e o mantenedor de espaço (mantener = manter). Esses termos se tornaram comuns na Odontologia brasileira, tanto que não há livro em português que fale em polpotomia e mantedor de espaço, como seria o certo.

Anos depois o Brasil conseguiu se atualizar e hoje está bem à frente dos nossos vizinhos, em termos de ciência. Temos autores consagrados, bons livros em português, tanto traduzidos como de autores nacionais. Mas nosso complexo de vira-lata ainda prevalece e, quando lemos artigos em outra língua, é muito forte a vontade de “adotar” uns termos bonitos. É o caso da maloclusão. Vem do inglês malloclusion, e não tem o menor cabimento na nossa língua, mas eu acho que vai acabar virando padrão como os termos do espanhol, de tanto que é usada.

Se você pensar um pouco, vai ver que uma oclusão pode ser boa ou má. Se for má, será uma... má oclusão. Mal é o antônimo de bem. Para ser maloclusão, seu contrário teria que ser uma bem-oclusão, que, convenhamos, fica feio pra chuchu. Então, o que você acha? Fique à vontade, comente, xingue se quiser, eu não fico magoado, juro!

* Este foi um dos posts com o maior número de comentários e que rendeu outro post, também comentado.  Siga os passos em "A tal da maloclusão (de novo!)"

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Data e hora

Minha defesa de tese foi marcada: dia 18/11/2005 às 09:00h, na Faculdade de Odontologia da USP.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Palavras

Alex Cruz escreveu em seu blog sobre "Dominar a palavra", um belo artigo onde ele cita frases do personagem Fabiano, de Vidas Secas (Graciliano Ramos). Lá pelas tantas:

"Sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas.

Comparando-se aos tipos da cidade, Fabiano reconhecia-se inferior. Por isso desconfiava que os outros mangavam dele. Fazia-se carrancudo e evitava conversas. Só lhe falavam com o fim de tirar-lhe qualquer coisa."

O engraçado (ou triste) é que eu me sinto exatamente assim. Quando recebo correspondência do CRO, quando vejo autoridades falando bonito na tv, quando leio as publicações oficiais do governo, das associações, dos conselhos, dos sindicatos e outros inúteis, eu me sinto exatamente como o Fabiano de Vidas Secas: só falam com o objetivo de encobrir algum ilícito ou de me prejudicar em alguma coisa. Nunca recebi notícia boa desses órgãos, porque será?

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

10 mitos da Ortodontia 2

2 - Análise cefalométrica x análise facial

É bobagem dizer que análise cefalométrica não serve para nada. Já ouvi isso muitas vezes. É claro que sempre tem alguém que tem bom senso e não descarta um ou outro tipo só porque “acha” que não serve. Mas é bobagem propagandear que não usa um deles.

Eu sempre achei que análises são complementares. Nenhuma análise é completa, quanto mais você estuda, mais vê que precisa de dados para fazer um diagnóstico e planejamento corretos para o seu paciente. E as análises, tanto a facial como a cefalométrica e as análises de modelos, são de fundamental importância. Com a primeira você trabalha principalmente os aspectos estéticos, com a segunda pode ver que estruturas estão bem ou mal posicionadas em relação a outras estruturas e com a terceira a relação de espaço existente. Uma complementa a outra. Se você tem experiência suficiente para diagnosticar e planejar o tratamento do seu paciente sem recorrer aos números das análises cefalométricas e de modelos, parabéns. Isso exige uma bagagem prática muito grande, muitos casos tratados (com análise cefalométrica) e muitos bons resultados.

Por outro lado, depois de algum tempo de clínica, todo profissional começa a saber, só de olhar para a face do paciente, o que esperar do tratamento. É questão de vivência clínica, experiência. Isso não significa que se deve abandonar completamente o apoio e a certeza dos números. Nesse ponto, o “feeling” do profissional é uma complementação muitíssimo bem-vinda à frieza das relações numéricas dos traçados e das medidas.